Muito Tempero e Pouco Sabor

A não - obrigatoriedade do diploma de jornalista deixou teve um sabor amargo para os profissionais graduados. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o "canudo" é inútil e que ninguém precisa investir em uma formação específica para executar uma tarefa tão simples. O ministro Gilmar Mendes comparou o trabalho de um jornalista ao do cozinheiro, que é capaz de preparar pratos deliciosos apenas com o dom natural que possui. Ele só esquece que, no caso do jornalistas, a sopa é de letrinhas e o tempero exige muitos ingredientes. Não basta ter talento. Para exercer a função, é preciso ter domínio do idioma e, é claro, da técnica. Fazer uma pauta não é pegar uma régua e marcar uma margem. A pirâmide invertida nada tem a ver com matemática.O resultado do ENEM confirma que o ensino médio ainda forma analfabetos funcionais, ou devo dizer 140 milhões de novos jornalistas? Falar outros idiomas e conhecer muito bem as ferramentas que a informática oferece são habilidades valorizadas no mercado de trabalho. Mas tudo isso dá para contornar. Cursos técnicos de jornalismo devem surgir para ensinar a prática aos recém - chegados na área. Já a teoria... filosofia, antropologia, economia, sociologia e etc. ficarão esquecidas nos livros. De que forma o "profissional" vai poder analisar um fato em sua conjuntura atual, relacionar com o contexto geral, simplificar e transmitir para o público? Mesmo nos casos em que a pessoa em questão tem formação específica que ultrapassa as generalidades do jornalista, é preciso preparo para que texto não fique técnico e chato. A não - obrigatoriedade do diploma regula a situação dos jornalistas que atuam sem diploma. São muitos, visto que a exigência foi criada há apenas 40 anos. Resta saber como o mercado de trabalho vai lidar com isso, como vão ficar os salários e como serão absorvidos novos profissionais... sem sal, sem açúcar, sem tempero nenhum.
Para saber mais sobre o assunto:

1 Comment:

B.Farnezzi said...

Concordo plenamente com seu ponto de vista.